sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Evolução do comportamento social segundo a Teoria do Behaviorismo




O termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B. Watson, em artigo publicado em 1913, que apresentava o titulo “Psicologia: como os behavioristas a vêem”, sendo que o termo inglês behavior significa “comportamento”.

Watson, postulando o comportamento como objeto da Psicologia, dava a esta ciência a consistência que os psicólogos da época vinham buscando — um objeto observável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos. Assim o status de ciência, rompeu definitivamente com a sua tradição filosófica, além de defender uma perspectiva funcionalista para a Psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado como função de certas variáveis do meio.

Dessa maneira os psicólogos desta abordagem chegaram aos termos “resposta” e “estímulo” para se referirem àquilo que o organismo faz e às variáveis ambientais que interagem com o sujeito (S –R). Por esse método o comportamento foi entendido como interação individuo – ambiente, ou seja, a unidade básica de descrição e o ponto de partida para uma ciência do comportamento.


O mais importante dos behavioristas que sucedem Watson é B. F. Skinner (1904-1990). Esta linha de estudo ficou conhecida por Behaviorismo radical, termo cunhado pelo próprio Skinner, em 1945, para designar uma filosofia da Ciência do Comportamento (que ele se propôs defender) por meio da análise experimental do comportamento. Skinner desenvolveu os princípios do condicionamento operante e a sistematização do modelo de seleção por consequências para explicar o comportamento. A diferença em relação aos paradigmas S-R e S-O-R é que, no modelo Sd-R-Sr, o condicionamento ocorre se, após a resposta R, segue-se um estímulo reforçador Sr, que pode ser um reforço (positivo ou negativo) que "estimule" o comportamento (aumente sua probabilidade de ocorrência), ou uma punição (positiva ou negativa) que iniba o comportamento em situações semelhantes posteriores.

Demonstrado a partir de experiências em laboratório, a exemplo do rato com sede: (Essa parte acho melhor ser postada como um link)

Um ratinho foi colocado na “caixa de Skinner” — um recipiente fechado no qual encontrava apenas uma barra. Esta barra, ao ser pressionada por ele, acionava um mecanismo (camuflado) que lhe permitia obter uma gotinha de água, que chegava à caixa por meio de uma pequena haste. Que resposta esperava-se do ratinho? — Que pressionasse a barra. Como isso ocorreu pela primeira vez? — Por acaso. Durante a exploração da caixa, o ratinho pressionou a barra acidentalmente, o que lhe trouxe, pela primeira vez, uma gotinha de água.
O ratinho, por acaso, pressiona a barra e recebe a gota
d’água. Inicia-se o processo de aprendizagem.

O comportamento de Skinner se distingue do de Watson porque no comportamento operante, o comportamento é condicionado não por associação reflexa entre estímulo e resposta, mas sim pela probabilidade de um estímulo se seguir à resposta condicionada. Desse modo, o Behaviorismo Radical propõe um modelo de condicionamento não linear e probabilístico, em oposição ao modelo linear e reflexo das teorias precedentes do Comportamentalismo.

Para analisar o tema do Behaviorismo na atualidade, me baseei no livro Behaviorismo Radical: Crítica e Metacrítica, do Professor Kester Carrara. Uma primeira questão retomada pelo livro do Professor Carrara é o reducionismo no Behaviorismo Radical. De modo geral, a crítica parte do fato de que se os, assim chamados, fenômenos mentais podem ser interpretados em termos de comportamento, o Behaviorismo Radical opera uma redução comportamental.

Contudo, segundo o Professor Carrara, a questão do reducionismo aflige nem tanto os pressupostos teórico-filosóficos (reducionismo de princípio), mas sim, a atuação de analistas do comportamento (reducionismo de prática).

Ao explicar os fenômenos sociais por meio de simples experimentos opera-se um reducionismo indevido: encara-se um fenômeno comportamental complexo como uma mera soma de fenômenos comportamentais simples. Ou seja, há uma omissão de importantes variáveis na análise dos fenômenos sociais complexos

como, por exemplo, o contexto social, político, econômico, nutricional, familiar, etc.

Todavia até a atualidade, a Analise do Comportamento em si, não realizou um estudo real, que contemple de forma critica e relevante, as variáveis políticas e socioeconômica. 
 
 
 
Por: Lorena Scaldaferri

Um comentário:

  1. Achei ótimo o texto... possui uma linguagem clara e acessível! Parabéns!!!

    Em referência ao traçado teórico, gostaria de discutir um pouco mais sobre a consideração de que "há uma omissão de importantes variáveis na análise dos fenômenos sociais complexos". Ao que segue a frase, são exemplificadas algumas variáveis das quais está se referindo e, então, há um desfecho salientando a falta de estudos no campo. Seria isso, né?

    Bom, no que concerne o próprio comportamento social, Skinner no "Ciência e Comportamento Humano" dedica os últimos capítulos para explorar o assunto. No entanto, só mesmo em "Para além da liberdade e dignidade", bem como no livro de ficção "Walden II" que ele passa a debater um pouco mais sobre o papel do homem na sociedade, como exercer o comportamento operante de forma que ele possa produzir um ambiente que seja reforçador tanto para minha, como para as gerações subsequentes.

    Em todas estas discussões, Skinner deixa claro a importância das práticas culturais na manutenção, modelagem ou extinção de um comportamento. Nestas práticas culturais, embute-se uma série de condições que implicam tempo histórico, hierarquia política, modos de alimentação da comunidade do indivíduo em questão, histórico pessoal e evolucionário, e por aí vai.

    Anos mais tarde, inúmeros autores debateram sobre o assunto, sob um olhar analítico comportamental, integrando os conceitos propostos por Skinner e formulando outros conceitos também. Para se citar alguns, temos Sigrid Glenn, Murray Sidman, Charles Catania, e no Brasil cito João Todorov, Alexandre Dittrich, Lidia Weber, Maria Amalia Andery...

    Enfim, o ponto a se chegar é que a Análise do Comportamento é muito interessada em compreender os fenômenos sociais. Tem um ótimo artigo que gostaria de indicar - bem recente, publicado em 2010 - que faz um apanhado geral de como a Análise do Comportamento compreende a interação deste individuo com o ambiente, em situações sociais:
    http://accultura.files.wordpress.com/2010/05/sampaio-andery-2010-compt-social-producao-agregada-e-pratica-cultural.pdf

    Um grande abraço...

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