sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Behaviorismo e a crise de identidade

O termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B. Watson, em artigo publicado em 1913. Watson defendia uma perspectiva funcionalista para a psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado como função de certas variáveis do meio. 

Apesar de colocar o “comportamento” como objeto da psicologia, o Behaviorismo foi, desde Watson, modificando o sentido desse termo. Hoje, não se entende comportamento como uma ação isolada de um sujeito, mas, sim, como uma interação entre aquilo que o sujeito faz e o ambiente onde o seu “fazer” acontece. Portanto, o Behaviorismo dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente, entre as ações do individuo e o ambiente. 

Além de Watson, sugiram outros Behavioristas importantes como B. F. Skinner, onde sua linha de estudo ficou conhecida como Behaviorismo radical. A base da corrente Skinneriana está na formulação do comportamento operante. 

O comportamento operante abrange um leque amplo da atividade humana, inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. 

Essa e outras teorias como o reforçamento, a extinção, a punição, o controle de estímulos, a discriminação e por fim a generalização foram impotantes para o estudo aprofundado do comportamento humano fazendo uma relação entre o homem e o ambiente. 

Uma área de aplicação dos conceitos apresentados tem sido a educação. São conhecidos métodos de ensino programado, o controle e a organização das situações de aprendizagem, bem como a elaboração de uma tecnologia de ensino. Entretanto, outras áreas também têm recebido a contribuição das técnicas e conceitos desenvolvidos pelo Behaviorismo, como a de treinamento de empresas, a clínica psicológica, o trabalho educativo de crianças excepcionais, a publicidade e outras mais. 

Fazendo uma relação com o filme “Laranja Mecânica”, podemos ver que o filme puxa as várias linhas Behavioristas no que se trata ao comportamento humano e a sua análise. O filme é uma obra bastante crítica, onde sua idéia inicial é tratar do comportamento social e como ele pode (ou não) ser condicionado. A principal questão do filme é gerar uma dúvida onde nos perguntamos se a sociedade é capaz de perdoar criminosos e aceitá-los de volta ao convívio. O mesmo relata a história de um criminoso que é um líder de uma gangue de jovens, que praticavam atividades como roubar, espancar, estuprar e matar. Em uma de suas ações o mesmo é pego pela polícia. Na prisão ele descobre que há um novo método, ainda em tese, para eliminar intenções criminosas e sentimentos ruins de pessoas que estão na prisão por diversos motivos. 

E é a partir deste pensamento que se inicia toda uma relação, todo um sincronismo com as idéias Behavioristas. Este criminoso se candidata para ser cobaia desta nova experiência e, assim, começa a sua jornada psicológica. 

Submeteu-se a vários testes psicológicos onde foi constatada a sua cura. E a partir daí, como citado a cima, o filme trabalha com a tentativa de descobrir se a sociedade é capaz de aceitar um ex-criminoso andando novamente pelas ruas e tendo uma vida social como a de todos os outros cidadãos. Fazendo um aprofundamento maior entre o filme e o Behaviorismo, podemos notar uma crise de identidade das pessoas que passam por tratamento psicológico. Pois se um preso sai da cadeia diretamente para a sociedade, ele vai notar um olhar diferenciado com relação ele. Quando se olhar no espelho ele verá outra pessoa, psicologicamente falando. Ele não será mais aquele criminoso de antes, ele agora terá uma vida social normal como à de todas as outras pessoas. Só que a sociedade não verá dessa forma e muito menos com bons olhos. 

E isso acarretará uma série de problemas internos tanto no psicológico quanto no comportamento desta pessoa. O behaviorismo cria teses comportamentais, gera soluções, mas não traz perspectivas futuras.



João Alexandre Costa

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