sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A teoria da Boa Forma

A teoria da forma, a Gestalt, preocupa – se com a indução do individuo a fazer de seu comportamento no estabelecer da boa forma da realidade, fazendo daquilo que o mesmo acredita ser real a partir de sua percepção, isto é, partindo de algo já presumidamente formado e existente em sua consciência no desenrolar da realidade. Kant assinalava que a realidade é a forma que toma o pensamento de cada indivíduo.

Na teoria em estudo, a percepção se torna ponto de partida para a compreensão do comportamento humano. Para os estudiosos da Gestalt, existe na relação de causa e efeito entre o estimulo e a resposta, o processo de percepção, ou seja, há um conjunto de informações arquivadas no próprio individuo que o levam há materializar a realidade de forma primária e equivalendo sempre à mesma.

O que o ser percebe e como percebe são dados fundamentais e imprescindíveis para a compreensão, inclusive subjetivamente, do comportamento humano. A percepção, na teoria em questão, tende a tomar-se de uma forma mais global, mais universal, ao passo que levando em consideração as condições que alteram a percepção do estímulo, quando de forma isolada, isenta das manifestações e estímulos exteriores, a mesma pode perder o seu entendimento. Baseada na teoria do isomorfismo, buscando sempre um fechamento, simetria e regularidade dos pontos que compõem uma situação, uma imagem, um movimento etc., em que é de imenso valor a consideração dos estímulos da maneira mais ampla possível.

O nosso comportamento mantém relação estreita com estímulos exteriores. Com base nestes mesmos estímulos, podemos estabelecer determinados comportamentos, e estes quando não relacionados com estímulos externos, podem se constituir de maneiras distintas. Em determinados momentos o nosso comportamento refletirá a estímulos de maneira uniforme e homogenia, e em outros terá uma concepção totalmente equivocada do real.

O individuo tende a buscar a superação da ilusão de ótica a fim de se conseguir a boa forma, a decodificação, por exemplo, de uma imagem ou de uma situação, presente a nossa percepção com diretriz primeira. A interação do meio geográfico, o meio como ele é de fato, e a percepção do individuo, o meio resultante da soma individuo e meio geográfico, ocorre quando, concomitante a interpretação do meio físico, tem-se a reflexão dos estímulos baseados numa percepção anterior do próprio ser; tal percepção regida pelas forças da simetria, da simplicidade, do equilíbrio e da estabilidade. Quando o ser, dominado por força da percepção e sua interação com o meio físico, busca unir os elementos que compõem uma imagem ou uma situação, o mesmo se encontra dominado pela força do campo psicológico. Este, por sua vez, compreende como um campo de força que nos induz a procurar a boa – forma. O campo psicológico busca preencher as lacunas vazias de situações que não se encontram perfeitamente estruturadas para um bom entendimento da realidade. Tal processo, o de preencher as lacunas em branco e distorcidas do real, acontece baseado em princípios que munem tal procedimento e o tornam mais eficaz: o da proximidade, semelhança e fechamento.

A teoria da Gestalt se baseia na relação entre o todo e a parte, na medida em que para se compreender o todo é necessária a compreensão das partes, bem como a compreensão das partes é imprescindível que haja a percepção do todo. Ocorre que, em diversas situações, o ser não consegue distinguir as partes e, tão somente, compreende algo diante do todo. É a totalidade dos fatos, dos estímulos e manifestações exteriores que determinam o comportamento a ser adotado por cada um. (LEWIN AO CONCEITUAR ESPAÇO VITAL). E não só se considera o meio físico puramente para a concepção do comportamento humano, para Garcia – Roza, qualquer fator, seja ele objetivo, subjetivo, real ou mesmo o fictício, se constitui como elemento formador do campo a ser apresentado para o ser.

A realidade fenomênica compreendida como a maneira particular e individual que cada ser interpreta uma situação, pode-se constituir também como meio comportamental na Gestalt. O campo social, as relações entre outros semelhantes e situações vividas no coletivo, também interferem na percepção e podem influenciar o significado dos estímulos na sua totalidade.



Por: Ana Caroline Souza

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